Ao falar em tratamento para o diabetes tipo 2 muitas pessoas podem pensar automaticamente no uso de insulina. Há quem pense também que o diabetes tipo 2 tem cura. Em relação à insulina embora muitas vezes o uso dessa medicação seja necessária, ela não é a única opção para os pacientes. De olho nisso, conversei com a endocrinologista, Dra. Denise Franco para entender melhor e explicar as demais linhas terapêuticas existentes e de que forma elas são definidas.
Medicamento oral ou insulina: como é definido o tratamento?
O tipo de tratamento é definido de forma individualizada, de acordo com o histórico médico de cada paciente. “Vai depender do valor da glicemia, quanto está de hemoglobina glicada (média da glicemia nos últimos três meses), tempo de diabetes, se tem risco cardiovascular, se já teve infarto ou teve um AVC, entre outros. Esses são parâmetros que a gente leva em consideração para determinar a terapia para o paciente”, explica.
Segundo a médica, quando o paciente apresenta a hemoglobina glicada abaixo de 8%, em geral, o tratamento é iniciado com medicamento oral (metformina). Porém, quando no momento do diagnóstico essa taxa já está mais elevada, pode ser feita a escolha pela combinação de dois medicamentos orais. Ou, então, pode-se optar pelo uso da insulina por um determinado período, visando melhorar o grau de glicotoxicidade e, após melhora na glicemia, mudar para o medicamento oral.
Novos medicamentos
Também estão disponíveis como opção de tratamento as medicações injetáveis da classe conhecida como GLP1, um tipo de hormônio que aumenta a secreção de insulina e inibe a secreção do glucagon, um hormônio que faz ação oposta da insulina, aumentando os níveis de glicose no sangue. Também existem opções de combinação desse hormônio com a insulina.
Há também os inibidores da SGLT2, uma proteína responsável pela reabsorção da glicose, que tem ganho destaque no tratamento do diabetes tipo 2. Além de auxiliar no controle glicêmico, esses novos medicamentos diminuem o risco de insuficiência cardíaca e melhora o sistema cardiovascular.
Medo da insulina é frequente entre pacientes
Muitos pacientes têm medo de ter alguma reação adversa relacionada ao uso da insulina, como hipoglicemia (queda do açúcar no sangue), que pode levar à desmaios. E, por isso, associam o uso da insulina como algo negativo, pois já tiveram contato com pessoas que relataram ter algum tipo de problema após o uso.
Também é comum ver pacientes com preconceito em relação ao uso da insulina. Eles entendem que o medicamento é a última opção de tratamento, quando a doença já está muito desenvolvida ou como uma punição a um “mau comportamento” durante o tratamento, por exemplo, a não adesão à dieta e ao exercício físico.
Entretanto, a endocrinologista destaca que o que define de fato a necessidade do uso de insulina são as características de cada paciente. “A terapia de insulina tem muito a ver com o tempo da doença, quanto está a glicemia e o momento que o paciente está em termos de tratamento. Mas, sem dúvida, quanto mais tempo de diabetes tipo 2, existe mais chances da necessidade da insulina”.
Diabetes tipo 2 tem cura?
Quem nunca ouviu pela internet promessas de cura ou de reversão? Pois é. Infelizmente, a Ciência ainda não encontrou a cura para a doença. E esses mitos geram falsas expectativas em muitos pacientes, que mal são diagnosticados e já saem em busca de forma desesperada por qualquer solução milagrosa ou que prometa a cura do diabetes. Muitas vezes arriscando a própria saúde e prejudicando o controle da doença.
Dra. Denise Franco destaca, inclusive, que pacientes que realizaram cirurgia bariátrica e não apresentam mais sintomas da doença, podem voltar a ter manifestações da doença em caso de ganho de peso. Ou seja, não é a cura definitiva.
Ainda que não exista a cura para o diabetes, é possível ter um bom controle glicêmico. Para isso, são necessárias mudanças de estilo de vida, alimentação adequada, medicamentos e monitoramento da glicemia. Como sempre digo por aqui, não baseado em achismo, é possível conviver, de forma saudável, com o diabetes. 😉
Saiba mais sobre o que é o diabetes tipo 2 e como é feito o diagnóstico.